quarta-feira, 2 de abril de 2008

Fui à praia

Apanhei um búzio

Cheguei a casa

Em cima da mesa o púzio

Zézé, o garanhão das Sete Colinas

Já faltava um pouco de poesia a este blogue. Com efeito, Zézé, o maior poeta machão das últimas décadas oferece-nos um simples verso, porém revelador da sua qualidade artística: note-se a soberba analogia búzio\caracol, um dos símbolos maiores da masculinidade. Na verdade, macho que é macho gosta de acompanhar a sua mini com um prato de caracóis ou caracoletas. O que é que nos atrai neste bicho? Desconheço. Fica a pergunta...

Outra característica singular desta obra de arte é o verbo púzio. Note-se como o poeta introduz o linguajar de taberna, construindo assim uma escrita brejeira, bem ao gosto popular. Ao utilizar essa variante tradicional do verbo pôr, o poeta sublinha a complexidade da nossa língua materna, conferindo a este poema um estilo simultaneamente lírico e tasqueiro.

Zézé é um poeta brilhante. A sua obra, ainda que em fase inicial, apresenta-nos algumas das questões fundamentais do nosso tempo; de facto, a obra deste grande poeta lança um olhar profundo sobre a vida e sobre as particularidades do Macho. Tenho a maior admiração por este Pessoa da Bifana, o nosso Nobel da Literatura de Tasca. Obrigado Poeta!

ps. Dada a quantidade emergente de poetas machos, dedicarei alguns dos próximos posts a acções de divulgação cultural. Desta forma, não percam o próximo post sobre um poeta igualmente genial, porém num estilo mais sentimental e metafórico. Abraço a todos!

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